Belém de Judá

 BELÉM DE JUDÁ

GEOGRAFIA DE ISRAEL

 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO
 
 
 
O significado do nome Belém é “Casa do Pão”, podendo ser traduzido para o latim “Bethlehém”, “Beit Lechem”  ou  para o inglês “Bethlehem”. 
 
Na geografia atual (Ago2020), Belém se localiza na Cisjordânia, parte central da Palestina, um território ocupado há quase meio século por Israel.
 
Além de desfrutar da fama de ser o lugar onde nasceu Jesus, segundo a tradição cristã, a cidade também abriga locais sagrados do Judaísmo e do islã.
 
Conta agora com  uma população em torno de 30 mil pessoas, servindo de capital para a Província de Belém, tudo isso dentro do Estado da Palestina. Seus habitantes descendem de antigas comunidades cristãs do mundo, mas o tamanho da população tem se reduzido nos últimos anos, devido à emigração.
 
Belém continua a ser ainda um centro turístico para aquela região, distanciando-se 10 quilômetros ao sul de Jerusalém, numa altitude de 765 metros acima do nível do mar. 
 
Culturalmente, além de Belém lembrar o local onde nasceu Jesus, ela também é a cidade natal do Rei Davi, que foi coroado Rei de Israel nessa mesma cidade.
 
 
 
A DEMOGRAFIA DE BELÉM
 
 
 
A população de Belém é constituída de cristãos e muçulmanos, que têm coexistido pacificamente durante a maior parte de sua história. Atualmente (Ago2020), a população é majoritariamente muçulmana, mas a cidade ainda abriga uma das maiores comunidades de cristãos palestinos. O contingente de cristãos, que correspondia a cerca de 90% do total em 1948, tem decrescido drasticamente e agora não passa de 30%, declínio atribuído à falta de perspectivas da economia, uma vez que muitas famílias de agricultores cristãos perderam suas terras para a construção de assentamentos judeus. 
 
Em 1867, um visitante americano descreveu a cidade como tendo uma população de 3.000 a 4.000 pessoas, das quais, cerca de 100 eram protestantes, 300 muçulmanos e "os demais pertenciam às Igrejas Latina e Grega, além de alguns poucos armênios". Outro relato do mesmo pesquisador estima a população cristã em 3.000 pessoas e os muçulmanos seriam apenas 50. 
 
Em 1948, 85% dos habitantes eram cristãos, a maioria deles pertencente à Igreja Ortodoxa Grega e à Igreja Católica Romana, e 13% eram muçulmanos sunitas. Em 2005, a proporção de residentes cristãos caiu dramaticamente para algo em torno de 40% a 50%. A única mesquita na Cidade Velha é a Mesquita de Omar.
 
Segundo o censo palestino de 1997, a cidade tinha uma população de 21.670, sendo 11.079 homens e 10.594 mulheres, incluindo aí 6.570 refugiados, que correspondiam a 30% da população total. 
A distribuição por faixa etária mostrava uma população preponderantemente jovem: 65% tinham menos de 30 anos.
As maiores religiões em Belém são o Cristianismo (principalmente católico-romanos), e o Islamismo, com alguns poucos grupos de Judeus.
 
Panorama recente da cidade de Belém
 
 
 
 
 A ECONOMIA DE BELÉM
 
 
 
A principal atividade econômica da cidade é o turismo, que cresce sobretudo durante o período do Natal, quando a Igreja da Natividade, supostamente construída sobre o local de nascimento de Jesus, torna-se um centro de peregrinação cristã. Outro importante lugar, porém considerado como local sagrado para o Judaísmo, é a tumba de Raquel, que fica na entrada da cidade.
 
A cidade tem mais de 30 hotéis e 300 lojas de artesanato, que empregam boa parte dos residentes da cidade. A economia de Belém sempre esteve ligada à economia de Jerusalém, que se localiza cerca de 10 km de distância. 
 
O grande muro cinza de concreto, medindo 9 metros de altura, construído por Israel, passa por dentro da província de Belém, e assim, os habitantes da cidade de Belém ficaram impossibilitados de ir a Jerusalém para trabalhar ou fazer compras. 
 
Sem terras para cultivar, os habitantes da cidade estão agora quase totalmente dependentes do dinheiro oriundo dos peregrinos. Esses turistas, desencorajados pela presença do muro, raramente permanecem em Belém, optando por visitas rápidas à Basílica da Natividade e aos Campos dos Pastores, gastando pouco ali, como resultado desse desinteresse.
 
Fugindo do desemprego de mais de 50% e privados das liberdades fundamentais, cerca de 3.000 cristãos de Belém emigraram nos últimos anos para os EUA e o Chile.
 
Muro de concreto construído por Israel ( 9 metros de altura),
 
 
  
 
A HISTÓRIA DE BELÉM
 
 
 
Antes de cristo
 
 
 
Os primeiros assentamentos locais datam do ano 3000 a.C., constituídos por tribos cananeias, como os jebuseus, os hititas e os amaritas, os quais construíram pequenas cidades protegidas por muralhas.
 
Há um registro do ano 1350 a.C. de um governador egípcio que teria mencionado Belém, em carta ao Faraó Amenófis III.  Na missiva, esse administrador mencionava a cidade como um importante ponto de repouso para os viajantes. 
 
Por ser ponto estratégico, em 1200 a.C.os filisteus mantinham ali uma de suas divisões militares, impondo sua hegemonia, enquanto iam se miscigenando com os cananeus. A disputa por terras entre filisteus e israelitas foram causa de sucessivas guerras.
 
Os gregos ocuparam a Terra Santa por mais de um século, até a chegada dos romanos, no ano 63 a.C.
 
 Cidade de Belém (Beit Lechem), em época desconhecida
 
 
Depois de cristo
 
 
 
Entre os anos 132 e 135 a cidade foi capturada pelos romanos, quando seus habitantes judeus foram expulsos por ordens do Imperador Adriano. Durante o domínio romano na cidade, foi construído um templo ao deus grego Adônis, no local onde teria ocorrido a Natividade.
 
Após o ano 313, o imperador Constantino iniciou a construção de várias igrejas, das quais se destaca a Basílica da Natividade, sobre a gruta onde Jesus nascera. Belém passou a ser então um importante centro de vida monástica. 
 
       Basílica da Natividade, pelo pintor Vorobiev (1833)
 
Ano 395 -  Com a divisão do Império Romano, Belém passou a integrar a parte oriental.
 
Ano 529 - A cidade foi saqueada pelos samaritanos, mas foi reconstruída pelo Imperador bizantino Justiniano II.
 
Ano 614  -  O Império Sassânida invadiu a Palestina e capturou a cidade. Uma história ocorrida na época, descrita por fontes posteriores, afirma que os invasores se abstiveram de destruir a igreja ao ver os Reis Magos pintados com vestimentas persas num dos mosaicos. 
 
Ano 637 - Pouco tempo depois da captura de Jerusalém pelos exércitos islâmicos, Omar, o segundo califa, visitou Belém e prometeu que a Basílica da Natividade seria preservada para o uso dos cristãos. Uma mesquita dedicada a Omar foi construída sobre o local da cidade onde ele orou, nas proximidades da igreja. Belém passou para o controle dos califados islâmicos dos Omíadas, no século VIII. 
 
Ano 985  -  O geógrafo árabe Mocadaci visitou a cidade, referiu-se a uma igreja muito bem preservada e extremamente venerada, que existia na cidade, que ele chamou de "Basílica de Constantino”, não existindo nada igual em qualquer outro lugar do país. 
 
Em 1009, durante o reinado do sexto califa fatímida, Aláqueme Biamir Alá, a Basílica da Natividade foi demolida, sob suas ordens, sendo que sua reconstrução foi autorizada por seu sucessor, Ali Azair, como forma de consertar as relações entre os fatímidas e o Império Bizantino.
 
Ano 1099  -  Belém foi capturada pelos cruzados, que a fortificaram e construíram um novo mosteiro e um claustro no lado norte da Basílica da Natividade. O clero ortodoxo grego foi removido de suas sedes, e substituído por clérigos latinos. Até aquele ponto, a presença oficial cristã na região era ortodoxa grega. 
 
No dia de Natal de 1100  -  Balduíno I, primeiro rei do Reino Franco de Jerusalém, foi coroado em Belém, e naquele ano um bispado latino também foi estabelecido na cidade.
 
Ano 1182  -  Saladino concordou com o retorno de dois padres latinos e dois diáconos.
 
Ano 1187 -  O sultão aiúbida do Egito e Síria Saladino liderou suas tropas que capturaram Belém dos cruzados. Os clérigos latinos foram obrigados a fugir, o que permitiu o retorno do clero ortodoxo grego. Guilherme IV havia prometido aos bispos cristãos de Belém que, se a cidade caísse sob o controle islâmico, ele os receberia na pequena cidade de Clamecy, na região de Borgonha, França. 
 
Em 1223 - O bispo de Belém foi instalado no Hospital de Panthenor, na cidade. Clamecy permaneceu como a sede in partibus infidelium do bispado de Belém por quase 600 anos, até a Revolução Francesa, em 1789. 
 
1229 a 1239 - Juntamente com Jerusalém, Nazaré e Sidom, Belém foi cedida ao Reino Cruzado de Jerusalém, através de um tratado entre o Sacro Imperador romano-germânico Frederico II e o sultão aiúbida Camil, em troca de uma trégua de dez anos entre os aiúbidas e os cruzados. O tratado expirou em 1239.
 
Ano 1244  -  Belém foi recapturada pelos muçulmanos.
 
Ano 1250  -  Com a ascensão dos mamelucos ao poder, sob Baibars, a tolerância ao cristianismo diminuiu, quando os clérigos tiveram que abandonar a cidade. 
 
Ano 1263  -  As muralhas da cidade foram demolidas. O clero latino retornou a Belém no século seguinte e se estabeleceu no mosteiro ao lado da Basílica da Natividade. Os ortodoxos gregos receberam o controle da basílica, e partilharam o controle da 'Gruta do Leite' com os latinos e os armênios.
 
 
Belém, na visão do pintor Vasily Polemov (1882)
 
 
Ano 1913 -  Durante a Primeira Guerra Mundial os otomanos foram rendidos pelos exércitos britânicos, sendo a cidade incluída numa zona internacional sob o Plano de Partilha das Nações Unidas para a Palestina.
 
Ano 1948  -  Belém foi invadida pela Jordânia, durante a Guerra Israelo-arabe.
 
Ano 1967  -   Retomada de Belém pelas forças israelenses, durante a Guerra dos Seis Dias.
 
Ano 1995  -  A partir dessa data, a administração cotidiana de Belém passou a ser feita pela Autoridade Nacional Palestina, de acordo com os acordos de paz assinados em Oslo, embora a cidade continue estrangulada pelo muro de segurança levantado por Israel, que  controla as entradas e saídas. 
 
Muros da Cisjordânia com 9 metros de altura, na entrada de Belém (2005)
 
 
 
 
BELÉM NA BÍBLIA
 
 
 
A cidade de Belém pode ser identificada na Bíblia como a antiga cidade de Efrata, como se pode ver em Gênesis 35:16 e 48:27, em Rute 4:11, além de Miquéias 5:2 que a chamou de Belém Efrata, adjetivando-a como pequena dentre milhares em Judá. 
 
O texto contido em Juízes 17:7 menciona a cidade chamada “Belém de Judá”, quase o mesmo nome que é citado em Mateus 2:5, mas como “Belém da Judeia”. Como a cidade natal do rei Davi, ela é citada em Lucas 2:4 com o nome de “Cidade de Davi”. 
 
A cidade é mencionada pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 48:7 como a cidade mais próxima ao local onde a matriarca abraâmica Raquel teria morrido, dizendo que ela foi enterrada "no caminho de Efrata (Belém hoje). Como já dissemos acima, o Túmulo de Raquel, segundo a tradição, encontra-se na entrada da cidade.
 
Túmulo da matriarca Raquel, entrada de Belém (1880)
 
 
Belém é também tida tradicionalmente como a terra natal de Davi, o segundo rei de Israel, e o lugar onde ele foi coroado por Samuel (I Samuel 16:4-13). 
 
 
 
 
NASCIMENTO DE JESUS
 
 
 
 
A principal menção bíblica sobre Belém ser o local de nascimento de Jesus Cristo está Mateus 2:1-6, em Lucas 2:4-15 e em João 7:42, cumprindo-se, então, a profecia messiânica de Miquéias.
 
 
E tu Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum o menor dentre os principais lugares de Judá. Porque é de ti que há de sair o Chefe, que há de pastorear o meu povo, Israel. (Miqueias 5:2)
 
 
Alguns historiadores e estudiosos da Bíblia tendem a levantar uma celeuma sobre a cidade em que Jesus nasceu, uns defendendo que seria em Nazaré, e outros que teria sido em Belém. Tentaremos resumir e simplificar fatos ocorridos nessa época, para que se consiga diminuir as dúvidas sobre isso.
 
Segundo registros a partir de Lucas 1:26, José e Maria eram noivos e moravam na cidade de Nazaré, na Galileia, quando ela foi visitada por um anjo do Senhor, comunicando-lhe que ela conceberia e daria à luz ao Filho do Altíssimo, o Messias que deveria ser chamado de Jesus. José, que era ainda apenas noivo de Maria, só entendeu o que estava acontecendo depois de também receber a visita de um anjo.
 
Maria já carregava em seu ventre o bebê prometido, quando o César Augusto publicou um decreto ordenando a realização de um recenseamento completo em todas as terras pertencentes ao Império Romano, de modo a levantar-se toda a população atualizada de cada lugar. Assim, cada pessoa deveria dirigir-se para sua cidade natal, onde procederia ao alistamento. 
 
Segundo registros no Evangelho de Lucas 2:1-4, José e Maria precisaram viajar de Nazaré da Galileia até Belém da Judeia, de onde eram oriundos, como descendentes de Davi, mas esses dias coincidiram com o momento de Maria dar à luz ao seu bebê. Dessa forma, todos os registros confirmam que o nascimento aconteceu na cidade de Belém, enquanto procediam ao alistamento. Tudo aconteceu tão inesperadamente que não conseguiram hospedagem em lugar algum, precisando ocupar uma parte de uma estrebaria, mais especificamente numa gruta, segundo outros historiadores.
 
        Mapa da viagem de Nazaré a Belém e uma
         gruta semelhante àquela em que Jesus nasceu
 
 
Recordamos com os leitores que depois do nascimento do menino, José e Maria tiveram que fugir para o Egito para protegerem a integridade da criança, pois souberam das ameaças de Herodes (Mateus 2) sobre matar todo menino com idade abaixo de 2 anos. Com a morte de Herodes, eles puderam voltar para a cidade onde moravam, Nazaré da Galileia (Lucas 2:39). 
 
Talvez esteja aí a confusão dos historiadores sobre onde Jesus nasceu, e porque Ele foi chamado de “Nazareno”. Afinal, Jesus veio recém-nascido para Nazaré, criou-se ali, na casa de José e Maria, passando a ser conhecido como uma pessoa daquela cidade. Podemos dizer que o nascimento aconteceu acidentalmente em Belém.
 
Pode ser também que tal confusão tenha vindo do fato dos evangelhos de Marcos e João não relatarem Belém como lugar do nascimento, restringindo-se apenas em classificá-lo como de Nazaré.
 
Ruínas de construções da antiga cidade de Belém
 
 
 

 
AUTOR DA PESQUISA
 
Walmir Damiani Corrêa
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Por: Walmir Damiani Corrêa

Publicado em 20/08/2020

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